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A rebeldia da lentidão

Atualizado: 14 de fev. de 2022

A lentidão é um fardo ou um privilégio? Em uma sociedade cada vez mais acelerada, ávida por instantaneidade, ser lento é quase um crime. Uma afronta ao sistema ou um ato revolucionário?


A lentidão é orgânica, faz parte da nossa essência. Não somos ágeis e produtivos, treinamos a vida inteira e somos cobrados para ter uma postura antinatural, que preza pelo rápido e cumulativo.


Cada vez mais rara, a lentidão é singular e incontornável, nos reaproxima da nossa humanidade. Se a velocidade dota a natureza e as coisas de uma mobilidade inusitada, a lentidão realça a força da sua presença, tornando incontornáveis as singularidades da paisagem. A lentidão com seus charmes e seus imponderáveis.

No livro Corpos de passagem: ensaios sobre a subjetividade contemporânea, Denise Sant’Anna fala que a necessidade de desacelerar e de viver lentamente é inconsciente, involuntária, ou considerada ‘dentro do ritmo normal’. Para a autora, que pensa e escreve sobre o que ocorre com nossos corpos na modernidade, “o adjetivo lento resulta de comparações e é fruto de medidas, sempre culturalmente determinadas, historicamente sujeitas a modificações inusitadas”.


Assim, a lentidão, que é inimiga da ansiedade, deveria ser cultuada, e não tida como algo fora do normal, pouco saudável e evitável. Em um de seus livros, Pierre Sansot fala da “raça de infatigáveis”, que desvaloriza a vida conduzida com vagar, passo a passo, da qual vê com desconfiança.


Dessa forma, a série Lentidão nos ajuda a refletir sobre nosso tempo, sociedade e suas prioridades, bem como nos ajuda a ver com novos olhos quem leva a vida homeopaticamente.



Para conhecer a série Lentidão clique aqui.


Referência Bibliográfica

SANT’ANNA, Denise Bernuzzi de. Corpos de passagem: ensaios sobre a subjetividade contemporânea.






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